Quando a gente começa a fazer ideia das coisas e do que se passa no mundo, a gente também aprende a dar à cada ideia um valor (ou mais), como certo-errado, bom-mau, verdadeiro-falso, importante-fútil, etc. A partir daí é que se forma a ideologia, que você pode entender como as ideias e valores que orientam e dão sentido a sua vida. Acontece que, sem se darem conta, as pessoas podem promover uma ideologia errada, falsa ou ruim. Por isso, é importante entender como a gente fica sabendo das coisas e quem são as pessoas que inspiram nossos pensamentos.
A ideologia está muito ligada aos costumes e à comunicação, estes podem alimentar a ideologia, e vice-versa. Por exemplo, indivíduos que crescem acostumados a enganar outras pessoas para conseguir os meios de vida, vão ter uma ideologia que tenta justificar suas práticas. O mesmo acontece com aqueles que matam, roubam, destroem, escravizam, concentram a riqueza, se acham superiores, odeiam outras raças e crenças, etc. Se sujeitos que se comportam e pensam assim dominam uma sociedade, esta vai refletir o que eles são.
Os países capitalistas são o exemplo mais terrível disso. Esse sistema se estabeleceu com a separação em classes sociais e pessoas oportunistas enganando, explorando, roubando e matando umas as outras para conseguir a comida, a vestimenta, a moradia, etc. Além disso, nessas sociedades, o poder de comunicação está nas mãos de “meia dúzia” de indivíduos que concentram quase toda a riqueza da Terra. São eles que formam a ideologia de quase todo o mundo.
As populações sentam diante dessa gente, assistem e ouvem seus programas, apresentações, novelas, filmes e músicas; riem e choram com eles; e fielmente se informam com seus jornais. Elas seguem direitinho os comandos “Não questione; seja fanático por algum time de futebol ou cantor; veja nosso jornal todo dia; se embriague nos finais de semana; fique longe da política; humilhe os fracos e se ajoelhe aos poderosos; não pense na vida, apenas trabalhe e consuma.” É assim que boa parte do povo adota, assume e defende as ideias e valores daqueles que pisoteiam a humanidade.
O resultado não poderia ser outro: a constante “lavagem cerebral” cria uma falsa consciência nas pessoas que passam a ver o capitalismo como um sistema justo, correto e natural. Autocentradas, elas se preocupam apenas com elas mesmas e com seus familiares, estando indiferentes ao sofrimento do outro. E assumem uma falsa neutralidade e imparcialidade que os ricos (direita) usam para impor a desigualdade, injustiça e opressão. Quase tudo foi possuído pelo espírito capitalista. A moral, a educação, as pregações, as leis, as tradições, etc., estão moldadas para sustentar o modo capitalista de se relacionar e produzir.
Mas indivíduos conscientes, capazes de perceber a realidade apesar de toda a manipulação, podem virar o jogo. De uma vez só, como acontece numa revolução em que se arranca o mal pela raiz, ou a partir do combate no campo das ideias, o que ocorre pouco a pouco. Por exemplo, professores, líderes de partidos, religiosos, comunicadores, associações de bairro, grupos estudantis, etc., podem denunciar o mal capitalista. Isso desperta mais e mais pessoas que, recobrando a consciência, tomam lado, participam da luta e enfrentam a alienação capitalista.
No entanto, a derrubada desse sistema e o estabelecimento de uma sociedade justa dependem de uma ideologia baseada na igualdade, liberdade e respeito à vida. É se guiando por essas ideias e valores que a gente pode chegar a uma sociedade sem exclusão, sem acepção de pessoas, sem divisão em classes sociais ou concentração de riqueza. Nesse modelo social, o campo e a fábrica são propriedades coletivas e cada cidadão toma posse apenas daquilo que precisa, contribui segundo suas capacidades e tem acesso a direitos básicos, como saúde e educação, de modo igualitário.
Essa é a ideologia comunista.
DIÁRIO COMUNISMO E LIBERDADE 